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"Com pequenas variantes, era um dia como todos os outros, até que bateste levemente na porta e inundaste a minha sala com a água clara dos teus olhos e salvaste a minha vida com um filtro mágico do teu sorriso e acendeste o mundo com o outro da tua trança semidesfeita e disseste, venho saber no que posso ajudá-lo, o meu nome é Inês."

terça-feira, 16 de dezembro de 2008

178 - Livro do Desassossego

Somos morte. Isto, que consideramos vida, é o sono da vida real, a morte do que verdadeiramente somos. Os mortos nascem, não morrem. Estão trocados, para nós, os mundos. Quando julgamos que vivemos, estamos mortos; vamos viver quando estamos moribundos.
Aquela relação que há entre o sono e a vida é a mesma que há entre o que chamamos vida e o que chamamos morte. Estamos dormindo, e esta vida é um sonho, não num sentido metafórico ou poético, mas num sentido verdadeiro.
Tudo aquilo que em nossas actividades consideramos superior, tudo isso participa da morte, tudo isso é morte. Que é o ideal senão a confissão de que a vida não serve? Que é a arte senão a negação da vida? Uma estátua é um corpo morto, talhado para fixar a morte, em matéria de incorrupção. O mesmo prazer, que tanto parece uma imersão na vida, é antes uma imersão em nós mesmos, uma destruição das relações entre nós e a vida, uma sombra agitada da morte.
O próprio viver é morrer, porque não temos um dia a mais na nossa vida que não tenhamos, nisso, um dia a menos nela.
Povoamos sonhos, somos sombras errando através de florestas impossíveis, em que as árvores são casas, costumes, ideias, ideais e filosofias.
Nunca encontrar Deus, nunca saber, sequer, se Deus existe! Passar de mundo para mundo, de encarnação para encarnação, sempre na ilusão que acarinha, sempre no erro que afaga.
A verdade nunca, a paragem nunca! A união com Deus nunca! Nunca inteiramente em paz, mas sempre um pouco dela, sempre o desejo dela!

2 comentários:

maria miguel disse...

torna-se confuso e dfícil explicar este conceito. mas de uma coisa temos a certeza (: todos vivemos para morrer - e a morte não significa um fim, significa apenas uma reflexão final de todo o conjunto de sensações que formámos sem dar conta que fomos e agimos como um "alguem".

amo-te, força princesa *

Cherry Blossom Girl disse...

É impossível não deixar de concordar com algumas coisas... mas não com tudo! Não quero pensar assim. Não quero sequer pensar que possa ser assim.
Não quero pensar nem concordar que este Tudo que vivemos e temos (e é tanto e não damos o devido valor), possa ser assim tão simples. Para, e a troco de nada...sem razão aparente!

:)*