Dizias-me que gostavas de poder descrever-me numa palavra, também o gostaria de fazer para ti - só que era impossível encerrar tamanha beleza em apenas uma palavra. Então eu ia vendo o teu sorriso no brilho das estrelas, a tua alegria no eclodir das flores, a tua autenticidade no correr dos rios, a tua dor nas gotas da chuva. E era assim que entravas pela minha vida adentro, encontravas o lugar certo para ficar dentro de mim. Pensava eu poder sorrir sempre assim, sem compromissos mas ao mesmo tempo tão presa a ti. Era como se tudo fosse nosso, quando sabíamos que nada tínhamos. É verdade que eu tinha medo que caísses e eu ficasse sem força para te levantar, mas eu tinha firme a certeza de que entre nós não havia diferenças, éramos iguais, éramos a mesma pessoa. Ainda estão as nossas mãos dadas nas ruas que cruzámos, os abraços que trocámos para acalmar dores maiores, as mensagens que fomos deixando mutuamente no segredo das horas, no passar tímido dos segundos. O que havia entre nós era como um livro, havia sempre uma página a seguir, havia sempre algo mais. O que importava era o agora, o resto não era nosso, não nos pertencia. Eu escrevia todas as manhãs o teu nome no meu coração, não sabia se algum dia ele me poderia trair, pois eu queria estar sempre junto a ti. Eu lia-te nos anúncios, que publicitavam o que nos unia. Eu ouvia-te nas músicas que passavam na rádio enquanto eu assinava mais um dia, enquanto eu preenchia mais um dia. Tu não estavas mas eu via-te ao meu lado no autocarro, naquela rua fria, naquele banco com tantos estilhaços que já nem permitia que nele repousássemos, ainda te via com o teu ar impetuoso a atravessar aquela ponte a pé, sempre no mesmo passo, sempre com a mesma alegria, tu ainda estás naquela mesa onde disseste que tudo ia ficar bem, ainda consigo sentir a textura pouco suave da toalha da mesa com cores escuras que com o teu toque de magia aquecias e colorias, mais - para mim, tu ainda estás com aquele livro aberto, com flores na capa, a ler ao sol, de olhos quase quase fechados, ainda te vejo de braços abertos ao fundo do corredor e ainda tens aquele sorriso aberto com que me protegias do mundo frio e sombrio que, final e infelizmente, conheci no dia em que partiste. Mas agora eu vejo-te nos raios do Sol, no brilho da lua, no horizonte feliz, no pôr-do-sol contente, no nascer do dia retraído… e em mim!! :) *
2 comentários:
Obrigada pelas tuas palavras sempre tão cheias de significado e pelos sorrisos que geras em mim com cada uma delas :)
Gosto muito de ti, minha pequena grande sábia :)***
Uma pessoa é muito... *
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