percorro este caminho devagarinho, tenho medo de não te encontrar. chego. procuro por ti no chão, o teu cheiro ainda nas paredes escurecidas, pela sombra que as toma. procuro bem entre as folhas de papel soltas e dispersas pela mesa, o vento acabará por tombá-las e eu verei que não é nelas que estás. procuro-te nas flores que dão vida, nas fotografias, nas estantes. todas estas procuras são insuficientes, tu não estás. vai-se assim a confiança. quero sair. mas este espaço é grande demais para mim, sem ti. encontro a porta e finalmente vejo-te, parado, a olhar para mim. não reconheço esse sitio onde te impões contra o tempo e contra a dureza dos dias passados longe de ti, dos dias perfeitamente vazios. dizes que mudei, eu peço que acredites que eu ainda sou a mesma. tu insistes, dizendo que todo o meu coração mudou, tem mais cor, embora tenha estado apertado. como sabes, pergunto. tu sorris e vejo nos teus olhos, é lá que estás, só assim o poderás saber.
1 comentário:
Há tanto tempo que não vinha aqui...quase me tinha esquecido da tua sensibilidade e de como escreves tão bem ...
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