Sim, como se pode morrer? Como, quando não é o queremos?
Aprendemos a pisar caminhos difíceis, a andar em cima de cordas que tremem e a passar por sítios que não nos aumentam. Ainda dizem que tudo o que não nos mata, torna-nos mais fortes, e no fim ainda ficamos mais fracos.
Não estremecemos quando o mundo todo abana, ficamos como se fossemos o ponto mais poderoso da terra, mas caímos como os outros e escorregamos como toda a gente. Ainda nos chamam e nós nem sequer ouvimos. Às vezes vamos dar a sítios que nos perturbam, lá a nossa vida "dá voltas e voltas na volta redonda de um beijo profundo" e, então, somos tão sentimentais como as crianças que choram, que sorriem e que conhecem o mundo. Tudo porque quando crescemos não aprendemos mais nada, apenas aprendemos a esquecer o que sabemos, para que não possamos causar problemas, dúvidas, para que ninguém coloque questões, para que tudo seja como é - linear e imutável.
Morrer é só a maneira de se sair deste mundo tão fechado, é conseguir sair de um circulo tão apertado que corta a respiração, é aprender a voar, é transcender a própria vida e cumprir a plenitude. É deixar de se tar ofuscado por tanta luz, estar-se consumido pelo medo, pela falta de coragem. Talvez quando formos pessoas mais coerentes possamos entender isto melhor...